CAUSO: A Lenda do Boi “Careta”

CAUSO: A Lenda do Boi “Careta”

Em 1925 o “Correio da Pedra “, jornal da cidade que hoje é conhecida por Delmiro Golveia, no sertão de alagoas, trazia a lenda do boi “Careta”.

A matéria anunciava:

Correra dez anos consecutivos nas areias e nas “Caatingas” de Tacaratu, sua terra nativa. O Boi que fora o terror dos mais afamados vaqueiros e dos melhores cavalos do Nordeste, desde o Piauí.  A sua fama de boi corredor ultrapassa os limites de  Pernambuco.

Nas rodas de vaqueiro todos acreditavam no poder mágico do tal boi “Careta”. Sua pisada fazia estancar os cavalos mais resistentes e velozes para desilusão dos corajosos montadores.

Todos os “cantadores” se referiam, ao som do “velho pinho”, às mal sucedidas “vaquejadas” que aí se fizeram para captura do “Careta”, assim cada vez mais espalhando a sua celebridade.

O autor do periódico descrevia que:

Nenhum vaqueiro jamais conseguira contar as malhas do Boi. -Esse só se deixara ver casualmente-e isso raríssimas vezes– por vaqueiros que acontecesse estarem na “caatinga” no encalço de outras reses. Passava como um corisco. Zunia como uma bala, Não era boi, era o Capeta.

Um dia a fama do bicho encapetado chegou aos ouvidos dos vaqueiros da Pedra (região da cidade de Delmiro Golveia – AL). Ao saber da lenda um vaqueiro conhecido na região, Major Noé, assumiu para si a missão de capturar a “fera” lendária. O valoroso vaqueiro afim de honrar todos os vaqueiros da região declarou:

Vou buscar o “Careta” e se o não trouxer é porque também fiquei na “caatinga”, minha gente

Para o desfecho da história recorramos ao texto original da matéria de 1925.

“Passaram-se dias… Nada de notícias… Mas, ao cabo de uma  semana, entrou na villa da Pedra, todo enfeitado numa policromia bizarra de fitas, e uma formidável mão de madeira ao pescoço, o famoso boi “Careta” que vinha “vaquejado” pela alegre “rapaziada” da Fazenda.

Estava realmente abatido pela viagem, pela sede e pela fome de cinco dias !… Trazia-se-lhe nos grandes olhos assustados a tão decantada fúria..

Os vaqueiros, o “ Major”  inclusive, traziam, estampado nos rostos, o preço da conquista. Lanhos de todos os tamanhos e em todas as direções, formando, na fisionomia de cada qual, o mais original arabesco.

Soube-se depois como tudo aconteceu… O boi fôra capturado na primeira corrida. Mas não sem glória! Foi uma corrida de seis horas  sem parar! Rosto rente ao pescoço de “Azougado” rastejando na batida, Zé Rogério, seguido pelo Major e dos demais companheiros, deram uma prova do valor e da coragem dos nossos vaqueiros, dos tal filhos desta terra!…

O boi “Careta” é hoje uma história do passado… um conto… uma lenda… nada mais…

Os meninos da Pedra brincaram com ele como brincam com um qualquer carneiro mocho…”

Francis Rubens

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